por Aldara Rodrigues
Alan
Turing, cientista e matemático britânico que, durante a Segunda Guerra Mundial,
decifrou vários códigos nazis, foi condenado e castrado quimicamente por ser
homossexual em 1952. 60 anos depois, um grupo de cientistas pede o seu indulto
póstumo.
Stephen
Hawking e outros 10 cientistas dirigiram-se ao Governo britânico para pedir o
indulto póstumo para Alan Turing. Numa carta publicada no jornal britânico 'The
Telegraph', o grupo de cientistas incentiva o conservador primeiro-ministro
David Cameron a "perdoar formalmente" o matemático que ajudou a
decifrar o gerador de códigos alemães 'Enigma', diz o site do jornal espanhol
'El Mundo'.
Alan
Turing morreu em 1954, com 41 anos, por envenenamento com cianeto, depois de
ter sido condenado por atentado violento ao pudor, numa altura em que a
homossexualidade ainda era ilegal no Reino Unido. Foi sujeito a tratamentos à
base de hormonas femininas e castrado quimicamente. Um inquérito provou mais
tarde que o matemático se suicidou, diz o 'The Telegraph'.
Os
vários signatários incluem Lord Rees, o astrónomo real britânico, Sir Paul
Nurse, presidente da 'Royal Society', e a baronesa Trumpington, que trabalhou
para Turing durante a guerra. Todos descrevem o decifrador de códigos como
"um dos matemáticos mais brilhantes da era moderna" e prestam tributo
ao seu "feito extraordinário" em decifrar os códigos gerados pela
máquina 'Enigma', a partir da qual os nazis enviavam as suas mensagens
secretas.
Na
carta, citada pelo 'the Telegraph', pode ler-se: "Apesar de os sucessivos
governos parecerem incapazes de perdoar a condenação pelo então crime de ser
homossexual (...) nós pedimos ao primeiro-ministro para exercer a sua
autoridade e formalmente perdoar o herói britânico". Em 2009, o então
primeiro-ministro Gordon Brown, fez um pedido de desculpas póstumo a Turing,
descrevendo o seu tratamento com "terrível" mas, a verdade é que o
matemático nunca foi perdoado formalmente pelo seu "crime".
Em
vez de ser preso, Turing foi submetido à castração química, sendo injetado com
hormonas femininas. As injeções destruíram a estrutura atlética do matemático,
chegando até a crescer-lhe seios. Nas palavras de um dos seus biógrafos, citado
pelo jornal britânico 'The Daily Mail', o matemático entrou numa "lenta e
triste caminhada para a dor e a loucura" que culminou com o seu suicídio a
7 de junho de 1954, duas semanas antes de fazer 42 anos.
http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=2951372&seccao=Europa
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