sexta-feira, 14 de março de 2014

Cientistas pedem indulto póstumo para Alan Turing


por Aldara Rodrigues
Alan Turing, cientista e matemático britânico que, durante a Segunda Guerra Mundial, decifrou vários códigos nazis, foi condenado e castrado quimicamente por ser homossexual em 1952. 60 anos depois, um grupo de cientistas pede o seu indulto póstumo.
Stephen Hawking e outros 10 cientistas dirigiram-se ao Governo britânico para pedir o indulto póstumo para Alan Turing. Numa carta publicada no jornal britânico 'The Telegraph', o grupo de cientistas incentiva o conservador primeiro-ministro David Cameron a "perdoar formalmente" o matemático que ajudou a decifrar o gerador de códigos alemães 'Enigma', diz o site do jornal espanhol 'El Mundo'.
Alan Turing morreu em 1954, com 41 anos, por envenenamento com cianeto, depois de ter sido condenado por atentado violento ao pudor, numa altura em que a homossexualidade ainda era ilegal no Reino Unido. Foi sujeito a tratamentos à base de hormonas femininas e castrado quimicamente. Um inquérito provou mais tarde que o matemático se suicidou, diz o 'The Telegraph'.
Os vários signatários incluem Lord Rees, o astrónomo real britânico, Sir Paul Nurse, presidente da 'Royal Society', e a baronesa Trumpington, que trabalhou para Turing durante a guerra. Todos descrevem o decifrador de códigos como "um dos matemáticos mais brilhantes da era moderna" e prestam tributo ao seu "feito extraordinário" em decifrar os códigos gerados pela máquina 'Enigma', a partir da qual os nazis enviavam as suas mensagens secretas.
Na carta, citada pelo 'the Telegraph', pode ler-se: "Apesar de os sucessivos governos parecerem incapazes de perdoar a condenação pelo então crime de ser homossexual (...) nós pedimos ao primeiro-ministro para exercer a sua autoridade e formalmente perdoar o herói britânico". Em 2009, o então primeiro-ministro Gordon Brown, fez um pedido de desculpas póstumo a Turing, descrevendo o seu tratamento com "terrível" mas, a verdade é que o matemático nunca foi perdoado formalmente pelo seu "crime".
Em vez de ser preso, Turing foi submetido à castração química, sendo injetado com hormonas femininas. As injeções destruíram a estrutura atlética do matemático, chegando até a crescer-lhe seios. Nas palavras de um dos seus biógrafos, citado pelo jornal britânico 'The Daily Mail', o matemático entrou numa "lenta e triste caminhada para a dor e a loucura" que culminou com o seu suicídio a 7 de junho de 1954, duas semanas antes de fazer 42 anos.
http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=2951372&seccao=Europa

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