O
ex-presidente cubano Fidel Castro admitiu hoje, em entrevista concedida a um
jornal mexicano, que seu governo perseguiu homossexuais nas décadas de 1960 e
1970 e declarou que "aqueles foram momentos de muita injustiça". Na
época, gays e lésbicas foram exonerados de cargos públicos, presos ou enviados
a campos de trabalho forçado.
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Fidel
disse ao periódico mexicano La Jornada que seu governo agiu errado. "É
verdade que nós fizemos isso", disse Fidel. "Estou tentando limitar
minha responsabilidade por tudo isso porque, de fato, eu não carrego comigo
esse tipo de preconceito", declarou. Questionado sobre se o Partido
Comunista ou alguma entidade específica esteve por trás da perseguição, Fidel
respondeu: "Não. Se alguém deve ser responsabilizado por isto, sou
eu."
O
histórico líder cubano - afastado do poder desde 2006, quando foi acometido de
uma grave doença gastrointestinal - disse que estava ocupado demais na época
cuidando de problemas como a Crise dos Mísseis, ocorrida em 1962, que não teve
como impedir o que acontecia. "Tínhamos diante de nós problemas tão
terríveis, questões de vida ou morte, que não prestamos atenção suficiente a
isto."
Atualmente,
campanhas promovidas pela mídia estatal cubana denunciam o preconceito contra
os homossexuais. Nos últimos anos, o sistema público de saúde cubano realizou
operações de mudança de sexo. Mariela, sobrinha de Fidel e filha do atual
presidente de Cuba, Raúl Castro, é hoje a principal defensora dos direitos dos
homossexuais no país.
Livro
Fidel
já havia comentado anteriormente a questão em entrevistas concedidas ao
jornalista francês Ignacio Ramonet entre os anos de 2003 e 2005. "Eu gosto
de pensar que a discriminação contra os homossexuais é um problema que está
sendo superado", afirmou. "Velhos preconceitos e visões estreitas
serão, cada vez mais, coisas do passado", disse ele nas entrevistas a
Ramonet, que resultaram no livro "Fidel Castro - Biografia a Duas
Vozes" (Boitempo Editorial, 624 páginas).
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