Processo foi
iniciado em abril do ano passado por conta de postagens em redes sociais
Mais de um ano depois de iniciado o
processo, o Vaticano oficializou neste sábado a excomunhão do padre Roberto
Francisco Daniel, de 49 anos, conhecido por advogar pela causa dos
homossexuais. Francisco Daniel sofreu uma advertência por usar redes sociais
para falar sobre a possibilidade de amor entre duas pessoas
do mesmo sexo e se negou, depois disso, a participar de um tribunal
eclesiástico, o que, para a Igreja, significou negar “a comunhão e obediência
ao seu legítimo superior eclesiástico”, segundo mensagem sobre a excomunhão
publicada neste fim de semana no site da Diocese de Bauru (SP).
“A causa da excomunhão não foi uma
punição irrogada pelo Bispo ou pelo Papa, mas em virtude dos seus atos
cismáticos e heréticos que, pela prática dos mesmos, o Sacerdote foi atingido –
automaticamente – pela censura de excomunhão”, diz o comunicado. Durante o
processo de excomunhão, iniciado em abril do ano passado, Francisco Daniel já
havia decidido anunciar seu “desligamento do exercício dos ministérios
sacerdotais”. Apesar disso, Padre Beto, como é conhecido, vem celebrando
cerimônias de casamento e comparecendo a velórios, mas “sem ser em nome da
Igreja Católica”.
Professor de filosofia no Centro
Universitário de Bauru e na Universidade Paulista (Unip), Padre Beto ministra
palestras na área de ética e já vinha dizendo que não pretendia voltar para a
Igreja Católica ou mesmo fundar uma igreja própria. "Acho que o ciclo se
encerrou. A Igreja precisaria mudar muito para que eu conseguisse voltar para
ela", disse em entrevista
ao EL PAÍS em agosto passado.
Na mensagem de excomunhão, o padre Tiago
Wenceslau, juiz instrutor para as “matérias reservadas a Sé Apostólica”,
solicita “aos fiéis para que não participem de possíveis ‘atos de culto’ que
forem celebrados pelo referido padre” e esclarece que “todos os matrimônios
celebrados (assistidos), após a declaração da pena, pelo mesmo sacerdote são
inválidos pelo próprio Direito”.
O informe da excomunhão termina com um
convite para que “todos os cristãos católicos rezarem para que o Espírito Santo
ilumine a todos, sobretudo, ao referido sacerdote para que tenha a coragem da
humildade sabendo pedir perdão e se reconciliando com a Igreja que o acolheu e
lhe concedeu o sacerdócio ministerial”.
Imagem: Padre Beto em frame de vídeo
postado em janeiro de 2014. / Reprodução
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