Registro de
gays, lésbicas e travestis assassinados cresceu quase 15% no país nos últimos
quatro anos. Com 312 mortes, Brasil lidera ranking mundial de violência contra
homossexuais. Entidade acusa governos de “homofobia institucional”
Pelo menos 312
gays, lésbicas e travestis brasileiros foram assassinados em 2013, média de um
homicídio a cada 28 horas, revela pesquisa feita pelo Grupo Gay da Bahia (GGB).
A entidade estima que 99% dos crimes foram motivados por homofobia. Apesar de
apontar uma queda de 7,7% em relação a 2012, quando foram registradas 388
mortes, a pesquisa destaca que o número de assassinatos de homossexuais cresceu
14,7% nos últimos quatro anos.
Segundo o
estudo, o Brasil segue como campeão mundial em homicídios de homossexuais: de
cada cinco gays ou transgêneros assassinados no mundo, quatro são brasileiros.
E os dados reunidos neste começo de ano apontam tendência de piora no quadro:
em janeiro, 42 homossexuais foram assassinados, ou seja, um a cada 18 horas.
O relatório
acusa os governos federal e estadual de promoverem “homofobia institucional”.
No caso dos estados, por não garantirem a segurança nos espaços frequentados
pela comunidade LBGT. Já o governo Dilma é responsabilizado por ter vetado a
campanha do kit anti-homofobia, a pedido de parlamentares ligados a igrejas, e
por não ter pressionado sua bancada aliada no Senado a aprovar a lei que torna
crime a discriminação de homossexuais, o chamado PL da Homofobia.
A pesquisa
mostra que Pernambuco (34 vítimas) e São Paulo são os estados onde mais LGBTs
foram assassinados em 2013. Proporcionalmente, os estados mais perigosos foram
Roraima e Mato Grosso. Já Manaus (com 12 crimes) e Cuiabá foram as capitais com
o maior número de crimes homofóbicos. O Nordeste segue como região mais
violenta para esse segmento, com 43% dos assassinatos, seguido pelo Sudeste e
pelo Sul, com 35%. Os estados menos violentos para gays e transgêneros foram o
Acre, que não registrou crime contra homossexuais nos últimos três anos, Amapá,
com uma ocorrência, e Espírito Santo, com duas.
Para o
coordenador da pesquisa, o antropólogo Luiz Mott, o número de mortes de
homossexuais em 2013 foi ainda maior do que o grupo conseguiu levantar. “A
subnotificação destes crimes é notória, indicando que tais números representam
apenas a ponta de um iceberg de violência e sangue, já que nosso banco de dados
é construído a partir de notícias de jornal, internet e informações enviadas
pelas Ongs LGBT. A realidade deve certamente ultrapassar em muito tais
estimativas, sobretudo nos últimos anos, quando policiais e delegados cada vez
mais, sem provas, descartam a presença de homofobia em muitos desses
‘homocídios”, explica o fundador do GGB.
De acordo com a
pesquisa, os gays lideram as estatísticas de vítimas: 186 (59%), seguidos de
108 travestis (35%), 14 lésbicas (4%), dois bissexuais (1%) e dois
heterossexuais (1%) confundidos com homossexuais. Também foram incluídos na
relação dez suicidas gays que, segundo a entidade, não suportaram a pressão
homofóbica. Apenas um quarto dos acusados de terem cometido o crime foi
identificado nos inquéritos policiais, segundo o levantamento.
Imagem: Luiz Mott:
"Policiais e delegados cada vez mais, sem provas, descartam a presença de
homofobia em muitos desses ‘homocídios'"
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